Fonte:
O que é uma bolha imobiliária?
O mercado imobiliário, como – quase – todos os setores de nossa
economia, é regulado pela Lei da Oferta e da Procura. Existem
regulações estatais, mas nesse setor, em específico, elas são
extremamente ineficientes.
Em momentos de crescimento econômico e facilidade de financiamento
através de programas governamentais, é normal que a demanda seja maior
que a oferta de imóveis e os preços subam.
Com a subida rápida dos preços, pessoas passam a considerar a compra
de imóveis um bom investimento, tanto para revenda quanto para aluguel.
Com isso, boa parte dos novos empreendimentos não são reservados para
moradia, mas para investimento.
Dados de pesquisas junto aos corretores de imóveis apontam que esse
índice, que já foi de menos de 20%, atualmente oscila entre 40 a 60%
dos imóveis, dependendo do empreendimento.
Isso porque as próprias construtoras preferem que os investidores
comprem, visto que eles geralmente pagam à vista, ao contrário dos que
compram imóveis para residência e geralmente esperam de 30 a 60 dias
para obter financiamento.
O aumento do índice de investidores provoca uma falsa sensação de
falta de imóveis à venda no mercado, puxando os preços para cima. A
sensação é amenizada pelo fato de que no Brasil realmente há um déficit
habitacional histórico, especialmente nas grandes cidades.
Finalmente, em momentos de crise econômica ou insegurança em relação ao mercado imobiliário, essa bolha estoura.
O catalisador do estouro dessa bolha pode ser a falência de algum
ente envolvido no processo imobiliário (seja no financiamento ou na
construção de imóveis propriamente dita) ou o aumento geral da
inadimplência a níveis insustentáveis.
Então, bancos e construtoras pedem ajuda aos governos, como tábuas de salvação.
A bolha imobiliária existe? Ela vai estourar?
Como já deixei claro no começo do artigo, ela não só existe como está próxima a estourar.
Vou apresentar todo o caminho para o estouro de uma bolha
imobiliária e mostrar, item a item, porque a bolha brasileira não para
de inflar.
1) Aumenta a procura por imóveis, e o preço sobe.
Não é necessário falar muito sobre esse ponto, mas como prometi
embasar cada item, recomendo a leitura dessa matéria: Brasil vira 2º
melhor mercado imobiliário.
2) Aumenta o número de investidores, que compram imóveis para alugar ou ganhar dinheiro.
A presença de investidores no mercado imobiliário aumenta a demanda,
mas não para moradia, e sim para investimento. Isso aumenta o preço sem
aumentar a quantidade de casas próprias.
Algumas pesquisas mostram a atratividade do mercado imobiliário
brasileiro, como pode ser visto nesta matéria: Investidores em imóveis
vêem Brasil como 2º mercado mais atraente.
3) Os preços começam a subir excessivamente, acima da capacidade de consumo das famílias.
Esse é outro item que não seria necessário uma fonte para reforçá-lo, já que todos nós sofremos no bolso com a alta dos preços.
Em 2010, a valorização imobiliária foi de 23,49%. Em 2011, esse percentual foi ainda maior:27,82%.
Fonte: Brasil é 2º em ranking mundial de valorização imobiliária
4) O preço chega a um patamar insustentável, afastando potenciais
compradores, que passam a considerar a hipótese de alugar imóveis.
Com o preço dos imóveis cada vez mais irreal, as pessoas deixam de
comprar e passam a cogitar o aluguel. Até porque passa a valer mais a
pena alugar do que comprar, financeiramente falando.
Por sinal, já discutimos bastante sobre esse tema no artigo “Comprar casa própria ou alugar imóvel?“.
5) Os preços dos aluguéis sobem, pois a demanda por imóveis do tipo aumenta.
Com tanta gente preferindo alugar do que comprar, o preço dos
aluguéis disparam. Pesquisa recente mostrou que o preço do aluguel
aumenta 13,6% em 2011 na cidade de São Paulo.
6) O preço dos imóveis começa a baixar como um todo, devido a diminuição da procura.
Ainda não alcançamos esse patamar, mas o preço em muitas cidades já
começam a subir menos ou mesmo a estagnar. Já existem vários
indicadores que mostram que a alta no preço dos imóveis novos
desacelera em várias cidades.
Além disso, outra pesquisa revelou que investidores estão deixando o mercado e intenção de compra de imóveis diminui.
7) Há uma baixa mais expressiva nos preços dos imóveis, pois os investidores começam a tentar vender os mesmos com urgência.
Esse é o ponto que ainda não atingimos e que não há previsão de
ocorrer. Vale ressaltar que esse já é o último item para decretar o
estouro da bolha. E já percorremos praticamente todo o caminho para
isso.
Estamos em um dos momentos finais dese ciclo: o momento em que as
pessoas deixam de comprar imóveis novos para ir atrás de casas de
aluguel. É praticamente o último momento antes da bolha imobiliária
efetivamente estourar nas regiões metropolitanas.
Conclusões e leituras complementares
O estouro da bolha não é um fato, mas está fortemente embasado.
Certamente existem pessoas que discordam dessa teoria e espero
sinceramente que estas deixem comentários no artigo, para provocar
ótimas discussões.
Mas não se discute que os preços estão altíssimos, que não é mais o
momento para comprar imóveis e também que o preço dos alugueis estão
cada vez mais caros. Então, mesmo os descrentes, devem ter cuidado.
Por fim, recomendo dois textos simplesmente fantásticos sobre a
bolha imobiliária, que foram as principais fontes para este artigo e
são muito mais completos (e, por isso, mais longos): A Bolha
Imobiliária e A Bolha Imobiliária (Parte II).
Caso você esteja decidido a adquirir um imóvel, recomendo a leitura
do Livro Negro dos Imóveis. Trata-se de um material bastante completo,
prático e com linguagem de fácil compreensão. Visite o site do eBook.
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