Fonte: O Timoneiro
Canoas ainda tem famílias vivendo sem água encanada
Somente 16% de domicílios canoenses contam com coleta e tratamento de esgoto.
Priscila Muzykant
Para uma cidade rica como Canoas, com o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) do Estado gaúcho, a falta de saneamento básico é uma situação calamitosa e que prejudica o cotidiano de muitas pessoas que residem em vilas como Nancy Pansera e Araçá, por exemplo. Apenas 16% dos domicílios da cidade contam com coleta e tratamento de esgoto, dado divulgado pela Agenda 2020.
A auxiliar de serviços gerais Karina Gonçalves Tereza, 25 anos, é moradora da divisa entre Nancy Pansera e Pôr-do-Sol e conta que itens básicos como água, encanamento de esgoto e luz são serviços essenciais que não são contemplados como deveriam. “Água não tem. Luz também não. Aqui é uma área que ainda não foi regularizada e por conta disso é muito comum haver queda de luz. Mas nós é que acabamos sofrendo com essa situação”, fala Karina. De acordo com a moradora, o trecho em que reside é abastecido de dois em dois dias por caminhões-pipa, a fim de que os moradores da localidade possam ter acesso à água tratada.
“É comum ter alagamentos aqui. Muitas vezes nem é uma chuva tão forte, mas já é o suficiente para alagar as casas. Em um temporal que houve há poucos dias, minha casa chegou a ficar destelhada também, por causa do vento que estava muito forte”, afirma Karina.
A falta de asfalto é outra dificuldade, assim como a presença de acúmulo de lixo no local. O odor desagradável e bastante forte, é oriundo em grande parte da significativa quantidade de lixo presente na vila. “Aqui colocam de tudo. Desde móveis até bichos mortos”, desabafa.
A vida dos moradores da divisa da Nancy Pansera e Pôr-do-Sol acaba por ser extremamente difícil, já que para atividades comuns do cotidiano, como tomar banho, escovar os dentes e lavar roupas é preciso, frequentemente, um esforço para o acesso à água. “Muitas vezes tenho que tomar banho na casa de alguma vizinha que tenha água, é muito complicado”, fala Karina.
Vila Araçá
Na vila Araçá, a situação também é calamitosa, com esgoto a céu aberto e sem as condições adequadas de saneamento básico. “O esgoto do banheiro corre e vai em direção ao valão”, fala a dona de casa Magda Crixel, 50 anos, que mora em frente à uma vala, com forte odor e acúmulo de lixo. A dona de casa Rosi Rodrigues, 42 anos, afirma que a falta de encanamento de esgoto é uma grande dificuldade vivenciada por moradores da vila Araçá. “Quando chove alaga tudo. Não podemos nem tentar melhorar alguma coisa em nossas casas, pois não vale a pena. Disseram que seríamos removidos para outro local, mas até agora nada. Parece que o prazo para isso acontecer é até 2014. Esperamos melhorias há muito tempo. Precisamos de ajuda”, desabafa Rosi.
Muitas vezes a situação de alagamento é tão grave, que moradores precisam andar de galocha dentro de cada em virtude do volume de água que adentra nas residências. “Muitas vezes tive que usar bota ou galocha para andar dentro de casa. É terrível. Aqui não há saneamento básico. O esgoto fica correndo em frente às casas”, afirma Magda.
Odor desagradável, alagamentos em ocorrências de chuvas e risco de contaminação pelo esgoto exposto são graves problemas pelos quais passam moradores de vilas que padecem por não contarem com coleta e tratamento de esgoto.
Promessas
Após quatro audiências que ocorreram nos quadrantes, a Secretaria de Meio Ambiente realizou na última terça-feira, 18, a audiência pública ampliada do Plano Municipal de Saneamento (Plamsab), que define todo o planejamento nesse âmbito para os próximos anos. A reunião ocorreu no Auditório Sadi Schiwtz, na sede da Prefeitura, e contou com a participação de 50 pessoas. A meta pretendida pela Prefeitura é de que haja coleta e tratamento de esgoto em 70% dos domicílios do município, número bastante difícil de ser alcançado, já que em quatro anos da última gestão apenas 16% dos domicílios contam com o serviço.
A STE foi a empresa contratada para efetuar os estudos do Plamsab, que fez diagnóstico demonstrativo das principais fragilidades e dos investimentos que serão necessários para que Canoas atinja suas metas.
Plamsab
O Sistema de Esgotos Sanitários é o conjunto de estruturas, equipamentos e instrumentos destinados a coletar, tratar e dispor os efluentes de forma a devolver ao sistema hídrico um efluente com qualidade compatível com o porte e a qualidade de água que deverá ter o corpo receptor final.
A partir de todos os aspectos citados, visando estabelecer uma análise ampla norteada na sobreposição de fatores relevantes ao presente estudo, este trabalho apresenta um diagnóstico inicial do sistema de esgoto sanitário existente na cidade de Canoas, atendendo os marcos referenciais definidos na Lei No 11.445 de 05 de janeiro de 2007 - Saneamento Básico -, no que se refere ao diagnóstico do sistema de esgoto sanitário e seus respectivos impactos nas Araçácondições de vida da população. Aci estão apresentados os resultados do relatório referente ao diagnóstico do sistema de esgotamento sanitário de Canoas.
O Plano Municipal de Saneamento Básico levará em consideração os seguintes critérios:
- Abastecimento de Água: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição.
- Esgotamento Sanitário: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados de esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o lançamento final no meio ambiente.
- Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas.
- Limpeza Urbana e Manejo dos Resíduos Sólidos: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário de varrição e limpeza de logradouros e vias públicas.
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